Biodiesel

O trabalho intitulado “Análise da influência de diferentes misturas de biodiesel no desempenho e emissões de poluentes de um motor diesel agrícola” é a primeira tese de mestrado da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) baseada em ensaios com motores que rodam com biodiesel.

O autor da tese, o analista de sistemas Angelo Juliato –– que atua na área de testes desde 1992 e faz parte de comitês de criação de normas para medições de emissões –– foi orientado pelo professor Caetano Cannavam Ripoli, no programa de pós-graduação em Máquinas Agrícolas da Esalq. “O trabalho teve como objetivo a comparação do desempenho, consumo específico e emissões de gases de um motor originalmente concebido para funcionar com óleo diesel de origem mineral, utilizando misturas de biodiesel de soja e de nabo forrageiro em proporções de até 20% em seu volume”, explicou Juliato.

Os ensaios foram realizados em dinamômetro, no laboratório de motores da empresa Delphi, em Piracicaba, com certificação internacional dada pelo INMETRO. O equipamento simula as cargas a que o motor está sujeito durante utilização real.

Esse motor é submetido a diversas rotações para medir potência, torque, consumo de combustível, gases poluentes e não poluentes e uma grande gama de temperaturas e pressões, utilizando-se misturas de biodiesel.

Juliato destaca que foram utilizados combustíveis com 2, 5, 10 e 20% de cada tipo de biodiesel (provenientes de óleo de soja e de nabo forrageiro) e que nos ensaios realizados não foram observadas diferenças significativas no desempenho do motor ao funcionar com misturas de biodiesel em toda a faixa de operação, embora o consumo específico de combustível tenha se apresentado sensível à adição de biodiesel, sendo maior proporcionalmente às taxas de biodiesel.

“Isto significa que o motor não se alterou, enquanto que o consumo de combustível apresentou-se ligeiramente maior (entre 1,75 e 5,92%) com adição de biodiesel”, comentou.

Além disso, segundo o mestrando, as emissões de poluentes foram significativamente maiores apenas para os hidrocarbonetos. Os óxidos de nitrogênio e o monóxido de carbono não apresentaram diferenças significativas.

Segundo Juliato, nesse caso não é possível determinar o grau de economia que a mistura proporciona, já que o motor apresentou leve piora no consumo específico de combustível.
Ele ressalta que este resultado pode ser considerado apenas para este tipo de motor e que outras tecnologias podem influenciar nos resultados, negativa ou positivamente. “A diversidade de resultados encontrada na bibliografia estudada prova isto”, destaca.

Quanto à mistura que se mostrou mais eficaz, ele explicou que analisando o desempenho, todas as misturas apresentaram resultados significativamente iguais.

“Portanto, de 5 a 20%, seja de soja ou nabo forrageiro, as misturas não influenciaram no desempenho, mas pela ótica de “consumo específico”, à medida em que se adicionou biodiesel, o consumo aumentou proporcionalmente”, explicou Juliato.

Outro aspecto que ele destaca é que, com estes resultados em mãos, fabricantes de motores e produtores de biodiesel podem tomar direções no sentido de adequar seus produtos e/ou sugerir a utilização do combustível, sem alterações.

Quanto à importância de um trabalho dessa natureza, Juliato diz que ele gera dados para todos os envolvidos no assunto biocombustíveis, que podem ser utilizados em aplicações específicas de biocombustíveis em motores.

Considerando o teste específico com um motor Yanmar NSB95R, o mestrando diz que “pode-se afirmar que não há diferença significativa de desempenho para misturas de até 20% de biodiesel, chamado B-20.

“No entanto, há que se ressaltar que a durabilidade de tal motor não foi estudada, o que é sempre uma preocupação, ficando esse aspecto como sugestão de trabalhos futuros”, conclui.

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